terça-feira, 18 de maio de 2021

Auto estima

 Eu falava: “você só vai me dar valor quando você encontrar outra pessoa e aí você vai perceber tudo que eu fazia por você, por nós”. Ou então eu falava: “você precisa ter um amigo além de mim, pra poder falar de mim com ele, contar as coisas que a gente vive e tal, pra ter uma outra opinião sobre quem eu sou e me dar mais valor”.

Aí você encontrou o amigo.

E me trocou pelo amigo.

E acabou a gente.

Mas nossas fotos estavam no meu perfil...

E você foi viver o que eu te impedi de viver... e eu vi... e doeu...

Aí nossas fotos foram pro arquivo.

E em plena pandemia você encontrou o amor da sua vida.

Que não era eu.

Mas eu ainda guardava os porta retratos, quebra-cabeças e almofadas...

E no lugar que eu estava, já tinha outro.

E as fotos de vocês foram pro seu perfil.

No seu perfil... que nunca teve nossas fotos...

Só então encontrei.

Não o meu amor, mas o fogo, o lixo, o delete, o off.

Tá na hora de eu voltar a ter aquela auto estima do início.




domingo, 18 de abril de 2021

Ópera



Me toca

Como se eu fosse sua música

Dedilhe cada parte do meu corpo em busca daquela nota

Você não nota, mas já estou na sua métrica

Me toca

Faça vibrar nossos corpos nessa harmonia

Encontre no meu corpo o perfeito acorde

Só não me acorde desse sonho sinfônico 

Me toca

A música opera milagres em corações em sintonia


terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Aliviando

Sabe, eu tenho evitado você. 
Pensar, ouvir, ver...
Mas o fato é que você continua.
Mesmo agora enquanto estou fazendo essa merda, e não estou falando de estar escrevendo esse texto me declarando e expondo que continuo pensando em você, mas eu realmente estou sentando no vaso colocando tudo isso pra fora...
Onde nós estamos?!
E agora não estou falando do banheiro, mas de nós mesmo... o que vai ser da gente?!
Ainda há espaço pra primeira pessoa do plural ou essa conjugação será esquecida...
A vida, as escolhas, os planos... as pessoas... mudam o tempo todo. Eu não havia planejado isso, e mesmo sem saber o que há de ser, fico querendo evitar essa descarga, não quero ver tudo descer pelo ralo...
Mas...
E ainda assim você continua.
Num filme que vejo... num filme que vimos... numa música que ouço... num porta-retratos escondido... num letreiro de ônibus que não leva mais pra perto de você... numa palavra de um amigo que não sabe que dói ouvir sobre você ainda... numa imagem de um beijo que não era o meu... numa história interrompida... num vaso entupido de tanto sentimento não vivido...
E dou a descarga.


domingo, 1 de dezembro de 2019

Bem vindo dezembro...

Meu sexto sentido...
Alguma coisa falava pra eu ir...
Eu não queria exatamente... mas...

Estar ali e estar vendo tudo que estava acontecendo me fez mal. 
Me fez ver tudo que eu queria estar vivendo e não estava...
Me fez ver tudo que de certa forma joguei fora...
Dói.
Dói muito...
É que aí sai do plano da imaginação... das possibilidades... das suposições... e se torna fato.
Não há mais especulações, falsas esperanças nem nada...
vi!

Sim, eu também estava ali...
Eu também procurava algo talvez...
Acabei encontrando...



Mas foi bom. 
Toda história precisa de um ponto final.


Bem vindo dezembro.
Que eu seja tão forte quanto essas palavras.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Sobre o setembro amarelo

Amarelo é minha cor preferida, já o setembro não foi dos melhores meses da minha vida.
E é ridículo eu falar isso, com tanta coisa boa acontecendo esse mês, tanta conquista, enfim... é que as vezes a gente se prende a detalhes, e muitas vezes nos piores detalhes...
Setembro amarelo propõe uma abertura ao diálogo, a falar o que estamos sentindo, como forma de combater e evitar o suicídio, o que me levou a pensar o seguinte, a depressão, que por vezes já leva ao suicídio de fato, é uma espécie de suicídio em si mesma, um suicídio emocional, um suicídio afetivo, psicológico, onde a pessoa está morta por dentro, tem alguns que ainda conseguem parecer vivos e bem, mas por dentro estão ocos, emocionalmente falando. 
Não tive depressão.
Não pensei em me matar.
Mas sofri sem querer sofrer, e esse sofrimento corrói a gente por dentro, mesmo que por fora...

Até que falei.
Me abri...
Chorei...

Não melhorei imediatamente, instantaneamente, mas o “fardo” ficou mais leve... falar é libertador.
Mas pra falar, alguém tem que ouvir...
Todos os dias perguntava a quem estava próximo de mim: “tá tudo bem?!”, “tá tudo bem mesmo?!”, mas essas eram as perguntas que eu queria que me fizessem... 
De setembro pra vida, mais do que falar, que aprendamos a ouvir, principalmente quem está perto de nós. Sejamos carinhosos com o sofrimento dos outros, mesmo que não tenhamos nada a acrescentar em matéria de orientação ou “conselho”, ouçamos. E falemos... isso salva nossa vida...

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

CISNE VERMELHO

Era uma vez, um reino distante chamado Sab-A-rah, dominado por uma rainha onipotente. Nesse reino, seus habitantes pareciam ter o direito de ir e vir, mas só o faziam de acordo com os desejos da rainha Cisne Vermelho.

Os aldeões que necessitavam ir ao reino vizinho de Bel-O-zonte eram obrigados a buscar o serviços da rainha Cisne Vermelho, que não se preocupava nem um pouco com eles, nem com seus escravos, que responsáveis pelo traslado dos aldeões, eram forçados a executar duas tarefas ao mesmo tempo, tanto cocheiros como cobradores e taxas, o que colocava em risco todos eles.

A rainha Cisne Vermelho falava que teria que ser assim porque em sonho a Deusa das Estradas e Ruas, a DER, lhe tinha imposto isso. Mas a verdade é que a DER havia permitido essa dupla função, mas gananciosa como era, a rainha logo exilou os cobradores de taxas e forçou os cocheiros a se adaptarem à nova realidade.

Pairavam boatos que se um dia, por determinação da DER, fosse permitido que não houvessem mais cocheiros, a rainha Cisne Vermelho seria a primeira a exilá-los, deixando a condução das carroças a mercê do primeiro aldeão que a pegasse.

O preço da onipotência da rainha Cisne Vermelho era caro, mas quem pagava eram os aldeões. A cada nova primavera a rainha aumentava as taxas, seu descaso com os aldeões era visível, as carroças sempre apresentavam defeitos, não tinham hora certa para circular, estavam sempre superlotadas e muitas vezes sujas e fedidas. Alguns aldeões até oravam à DER por mudanças, mas até mesmo a DER parecia sucumbir aos desmandos da rainha Cisne Vermelho, que continuava a reinar soberana do alto de seu trono intocável sobre a massacrada vila de Sab-A-rah.

Os aldeões clamavam por mudanças, mas parecia não ter a quem recorrer e sonhavam com o dia em que um herói eleito pudesse pôr fim à soberania da rainha Cisne Vermelho, para enfim poderem viver felizes para sempre.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

A experiência


Pq que a gnt tem o péssimo hábito de não ouvir a voz da experiência?
Minha irmã hj adolescente tem um certo gosto duvidoso. Duvidoso para mim pelo menos. Que olho pra ela e penso muitas vezes: “Oh meu Deus, tão bonita... e tão desleixada”.
Às vezes (quase sempre) ela me pergunta: “Padrinho, o que vc acha?!” E eu: “Ah não Lud”. E ela acaba indo do mesmo jeito (sempre).
Aí fiquei pensando: “gnt mas será que na minha época eu era assim?” Aí vejo umas fotos do passado e penso: “Meu Deus, não tinha ninguém pra me falar que tava horrível?!”.
Mas tinha. 
Minha mãe. 
Mas acontece que ela não é uma mãe só, ela é uma super mãe!
Ela me permitia errar. 
Lá em 2002 a moda eram as calças boca de sino, eu via algumas raras calças retas ou raríssimas tipo a skinny dos dias atuais e pensava: “Deus me livre de uma calça reta! Nunca que vou usar uma baranguice dessas!”. Todas as minhas calças tinham boca de sino. Todas! Inclusive quando minha mãe foi comprar o uniforme da escola nova, pedi a ela que comprasse duas calças de tectel ao invés de uma calça e uma bermuda, pq aí eu faria bermuda com uma das calças e aproveitaria a sobra para aumentar a boca da outra. Minha mãe falou: “Esse negócio não vai ficar bom não Diego!” E foi lá e fez como eu pedi. E hj eu me arrependo de não tê-la ouvido na época. Não pelo meu gosto pelas maravilhosas calça skinny de hoje em dia e total repulsa pelas calças boca de sino (“Deus me livre! Nunca que vou usar uma baranguice dessas!”), mas tbm pq na segunda-feira de estreia da minha calça com boca super de sino fui barrado no portão da escola pela diretora: “Isso não é o uniforme, por favor volte para casa e corrija isso!”.
Ela, minha mãe, sabia que não ia dar certo. Ela sabia que teria um problema. Mas ela me permitiu errar. Não para me envergonhar na frente dos alunos, nem pra me mimar, fazendo uma vontade adolescente minha, mas para me dar a oportunidade de ter a experiência do erro.
Ela é assim.
Ela quer o nosso melhor sempre. Ela não está só fazendo a nossa vontade. Ela está permitindo que construamos nossa personalidade, sobre acertos e sobre erros.
Ela não proíbe. Não obriga. Não mima.
Ela me permite experimentar a experiência.
Obrigado mãe.