Entrei no ônibus. Sentei. Então não existia mais ninguém. Não existia a senhora que sentou ao meu lado. Não existia o casal que conversava freneticamente enquanto relava na senhora sentada ao meu lado. Não existiam as duas moças sentadas à frente. Ninguém.
Mas existia tanta gnt na minha mão. Gnt que amo. Gnt famosa. Gnt que nunca vi. Gnt que há muito tempo não vejo. Gnt da faculdade. Gnt do estágio. Gnt de João Pessoa. Gnt do Rio, mas que é de Jacareí. Gnt que fez teatro comigo em Sabará e tava comemorando a festa da escola que ela trabalha agora em BH. Gnt dentista. Tanta gnt. E ninguém.
Guardei no bolso aquele monte de gnt de luz e dados. Encostei no vidro. Vi a senhora sentada ao meu lado. Vi o casal que ainda conversava freneticamente enquanto relava na senhora ao meu lado. Vi muitos pares de braços. Muitas duplas de cabeças. E não tinha ninguém.
Peguei o celular. A luz branca refletida pelo vidro escuro me fez olhar meu reflexo na paisagem vazia. Vi no reflexo as mãos da senhora ao meu lado. Guardei o celular.
Olhei para senhora ao meu lado, e no meio de um sorriso disse: Boa noite, tudo bem...

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